E aqui não falo da
educação comum e quase ordinária (no sentido literal do termo) de aprender o “bê
a bá” e a escrita padrão. Falo aqui de aprender a ler e entender o que está
escrito na nossa História, nas linhas dos nossos relevos, na essência de nossas
vegetações. É do porquê da nossa bandeira, dos motivos de nossa gastronomia,
das bases de nossa formação econômica, da estrutura de nossa política, do jeito
“cordial” de nosso povo brasileiro que estou falando. Falo de sermos capazes de
entender as letras de nossas músicas, de nossos poetas populares, de nossas
lendas urbanas. Falo de aprender a ler a Constituição, as leis e a Bíblia e
saber que nenhuma delas é definitiva. Falo de aprender a ler o que fomos e
disso construirmos o que podemos ser.
Educação não é apenas saber
o alfabeto e nem mesmo entender a nova ortografia da Língua Portuguesa. Também
não é só somar 2+2 sabendo o correto como quatro. Educação é ir além, é ser
capaz de formar conceitos e construir para si e para o mundo valores e modelos
adequados e condizentes com a realidade. Educação é saber o que é e como
podemos melhorar o mundo em que estamos. Educação é entender que Bertold Bretch
tinha razão ao decretar o analfabetismo político como o pior deles, pois não há
nada mais triste e sem educação do que viver em uma democracia e chegar a
constatação de que não temos opção. Democracia exige a capacidade plena de
optar e a escolha só é possível com o conhecimento e a capacidade de
entendimento do que se vive.
E é por essa falta de educação
que estamos sem opção! E é contra ela que devemos lutar. Vivemos atualmente um
dos momentos mais intensos na nossa capacidade de influenciar e sermos
influenciados, um momento único na interação e na disseminação de informações.
E ainda assim somos muito mal informados e muito incapazes de apreender aquilo
que vemos. Vivemos um momento em que o conhecimento e o compartilhamento dele
pouco importam. E o que interessa é se estamos sendo atendidos em nossas
expectativas. E isso é muita falta de educação mesmo. Em artigo na Revista
Época, Eliana Brum mostrou bem como isso impacta os dias atuais e como isso
fará diferença no futuro dos nossos jovens http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html.

Só quando formos
capazes de compreender o jornal como compreendemos a novela, ou a piada do youtube;
seremos capazes de vivenciar nossa democracia real. Só quando tivermos educação
real e consistente com as necessidades do país seremos verdadeiramente um país
do mundo. Por enquanto, com nossos bacharéis e licenciados incapazes de escrever
corretamente e de entender uma plataforma de governo nós podemos nos considerar
apenas um arremedo daquilo que podemos ser! E diante disso a pergunta que não
quer calar: o gigante acordou mesmo?!
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